Conteúdo organizado por Adauto Damasio do livro A Concise Guide to Macroeconomics: What Managers, Executives, and Students Need to Know by David A. Moss, 2007
O modelo Mundell-Fleming I
Imagine uma economia aberta de pequeno porte com perfeita mobilidade do capital. Isso significa que a taxa de juros nessa economia é determinada pela taxa de juros internacional.
A taxa de juros internacional é determinada de maneira exógena pelo fato de a economia ser suficientemente pequena em relação à economia internacional, dessa forma, ela pode conceder ou tomar o quanto desejar de empréstimo nos mercados financeiros internacionais sem afetar a taxa de juros internacional.
O modelo de Mundell-Fleming descreve o mercado de bens e serviços de modo bastante vsemelhante ao modelo clássico, mas acrescenta um novo termo para as exportações líquidas. Ele também pressupõe que os níveis de preços no país e no exterior sejam fixos, de tal modo que a taxa de câmbio real seja proporcional à taxa de câmbio nominal.
A condição de equilíbrio no mercado de bens apresenta duas variáveis financeiras que afetam o dispêndio com bens e serviços (a taxa de juros e a taxa de câmbio), mas a situação pode ser simplificada ao se utilizar o pressuposto da perfeita mobilidade do capital.
Essa equação enuncia que a oferta de encaixes monetários reais é igual à demanda. A demanda por encaixes reais depende negativamente da taxa de juros e positivamente da renda, e oferta monetária é uma variável exógena controlada pelo banco central, e pressupõe-se, também, que o nível de preços é determinado de maneira exógena.
De acordo com o modelo Mundell-Fleming, uma economia aberta de pequeno porte com perfeita mobilidade do capital tem como pressuposto o equilíbrio do mercado de bens e o do mercado monetário. As variáveis exógenas correspondem à política fiscal, à política monetária, ao nível de preços e à taxa de juros internacional.
As variáveis endógenas correspondem à renda e à taxa de câmbio. O equilíbrio da economia é encontrado na interseção entre a taxa de câmbio e o nível de renda nos quais o mercado de bens e o mercado monetário estão em equilíbrio.
Sob um sistema de taxas de câmbio flutuantes, a taxa de câmbio é estabelecida por forças de mercado sendo permitido que ela flutue em respostas a variações nas condições econômicas. Nesse, a taxa de câmbio se ajusta para alcançar o equilíbrio simultâneo no mercado de bens e no mercado monetário. Quando alguma coisa acontece de modo que venham a modificar esse equilíbrio, é permitido que a taxa de câmbio se desloque para um novo valor de equilíbrio.
Consideremos, agora, três políticas que podem alterar o equilíbrio: a política fiscal, a política monetária e a política comercial. Nosso objetivo é utilizar o modelo de Mundell-Fleming para mostrar o impacto de mudanças nas políticas e compreender as forças econômicas em operação à medida que a economia se movimenta de um ponto de equilíbrio para um outro.
Suponha que o governo estimule o gasto interno aumentando as compras governamentais ou reduzindo impostos. Uma vez que o gasto planejado cresce, esse tipo de política fiscal expansionista faz com que a taxa de câmbio se valorize, enquanto o nível de renda permanece o mesmo.
Observe que a política fiscal exerce efeitos bastante diferentes em uma economia aberta de pequeno porte em comparação com uma economia fechada. Para economias fechadas, uma expansão fiscal faz com que cresça a renda, enquanto, em uma economia de pequeno porte com uma taxa de câmbio flutuante, uma expansão fiscal deixa a renda no mesmo nível.
A taxa de juros e a taxa de câmbio são as variáveis-chave. Quando a renda aumenta em uma economia fechada, a taxa de juros sobe, uma vez que a renda mais alta faz com que cresça a demanda por moeda. Isso não é possível em uma economia aberta de pequeno porte, já que, tão logo a taxa de juros começa a crescer além da taxa de juros internacional, o capital rapidamente flui do exterior de modo a obter vantagens do retorno mais alto.
À medida que esse fluxo de entrada de capital vai empurrando a taxa de juros de volta, ele exerce, também, um outro efeito: como os investidores estrangeiros precisam comprar a moeda corrente interna, o fluxo de entrada de capital faz com que cresça a demanda pela moeda interna no mercado de câmbio, pressionando para cima o valor da moeda corrente interna.
A valorização da moeda corrente interna faz com que os bens internos fiquem mais caros em relação aos bens estrangeiros, reduzindo as exportações líquidas. A queda nas exportações líquidas contrabalança exatamente os efeitos da política fiscal expansionista sobre a renda.
Por que a diminuição nas exportações líquidas é tão significativa a ponto de fazer com que a política fiscal se torne incapaz de influenciar a renda? Para responder a essa pergunta, considere a equação que descreve o mercado monetário: tanto em economias fechadas quanto em economias abertas, a quantidade ofertada de encaixes monetários reais, é estabelecida pelo Banco Central e pelo pressuposto de preços rígidos. A quantidade demandada deve ser igual a essa oferta fixada.
Em uma economia fechada, uma expansão fiscal faz com que a taxa de juros de equilíbrio se eleve. Esse crescimento na taxa de juros (que reduz a quantidade de moeda demandada) implica um crescimento na renda equilíbrio (o que faz com que cresça a quantidade de moeda demandada).
Esses dois efeitos em conjunto mantêm equilíbrio no mercado monetário. Em contrapartida, em uma economia aberta de pequeno porte, existe somente um único nível de renda capaz de satisfazer essa equação, que não se modifica quando a política fiscal se altera.
Por conseguinte, quando o governo aumenta seus gastos ou diminui impostos, a valorização da moeda corrente e a queda nas exportações líquidas devem ser grandes o suficiente para contrabalançar completamente o efeito expansionista desse tipo de política sobre a renda.
Suponha agora que o Banco Central faça crescer a oferta monetária. Pelo fato de ser pressuposto que o nível de preços é fixo, o crescimento na oferta monetária significa um crescimento nos encaixes monetários reais.
Quer conhecer mais sobre o Modelo Mundell-Fleming? Então acesse o link: <http://eco2-macro.net/CapMundell.pdf>.
Em Resumo
O modelo Mundell-Fleming corresponde ao modelo clássico para uma economia aberta de pequeno porte. Ele considera o nível de preços como predeterminado e, a partir disso, mostra aquilo que causa oscilações na renda e na taxa de câmbio.
O modelo Mundell-Fleming demonstra que a política fiscal não influencia a renda agregada sobre sistemas de taxas de câmbio flutuantes. Uma expansão fiscal faz com que a moeda se aprecie, reduzindo as exportações líquidas e contrabalançando o impacto expansionista habitual sobre a renda agregada. A política fiscal efetivamente influencia a renda agregada sobre sistemas de taxas de câmbio fixas.
Referências Bibliográficas
MANKIW, N. G. (2015). Macroeconomia. 8ª edição. Rio de Janeiro: LTC.
Livro de referência:
A Concise Guide to Macroeconomics:
What Managers, Executives, and Students Need to Know
by David A. Moss, 2007
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